segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Carta Não Lida


Carta não lida
Um texto de Leriane Nunes

    Ninguém sabe, mas eu sinto sua falta. Eu canto cantigas de ninar sozinha enquanto tento dormir a noite, imaginando o que você está à fazer. Esses poucos quilômetros que nos separam tem uma proporção tão grande que mais parece que estamos em lados opostos do mundo... Ou em galáxias diferentes, sabe-se lá!
    Bem, o que eu sei é que muros gigantescos se formaram desde o dia em que juntou suas coisas em sua mala velha e saiu porta a fora, carregando em sua bagagem a minha essência de vida, a minha alegria e o meu equilíbrio. Desequilíbrio. Desequilibrada. É o que sou, o que restou. Um monte de ossos fora do lugar e um coração inútil, desacreditado e oco. Eu não entendo como pessoas que se amam podem se distanciar tanto e, acima de tudo, superar a distância com tanta facilidade. Esquecer os dias bons que viveram juntos.
    Eu não superei. Não consigo superar. Quando você partiu e me deixou para trás, como se eu nunca tivesse tido importância, parte de mim também se foi. A melhor parte. Perdi minhas forças e desmoronei. Será egoísmo meu desejar tanto a sua volta para casa?
    Talvez você não estivesse feliz aqui.
    Ah... Eu faria qualquer coisa para te fazer feliz. Te deixar feliz e deixá-la feliz.
    Queria voltar a ser o que éramos antes. Poder acordar e ouvir vocês conversando na cozinha, entrar lá e desejar um ótimo dia aos dois e esperar as outras crianças se juntarem a nós. Na nossa cozinha, com nossos cachorros, com nossos gatinhos.
    Queria de volta à felicidade de poder voltar para casa depois de um dia cansativo e vê-los fazendo qualquer coisa. Juntos. Queria voltar aos dias em que a cidade sofria blecautes e permanecíamos no escuro por horas, ouvindo história de quando eram jovens e de como eram as coisas antes da minha existência.
   Nunca deveríamos ter deixado que as coisas acabassem assim. Que o feliz para sempre acabasse antes mesmo de chegar ao meio. Mas não importa, porque vocês já superaram. Todos vocês. E eu... Eu acho que nunca vou superar. Vou ficar feliz quando vier me visitar. Vou amar poder eu mesma te visitar. Mas, ainda assim, nunca vou superar. Nunca vou superar coisas simples do tipo, não poder lhe dizer boa noite quando for me deitar e bom dia quando acordar. Nunca irei superar.

   Escrevo-lhe essa carta tendo a certeza de que nunca irás lê-la, porque nunca terei a coragem necessária para entregá-la. Os muros que nos separam são terminantemente altos. Inalcançáveis. Impenetráveis.
    Escrevo-lhe essa carta para dizer que, apesar de tudo; das coisas não terem dado certo, de eu não ter conseguido impedir que as coisas fossem ralo abaixo, de toda a mágoa e sofrimento...  Eu amo você.
     Com tudo o que há em mim, meu pai! ♥          

4 comentários:

  1. Seu blog é lindíssimo, Leryanne. Desde o layout ao conteúdo. Parabéns, não consegui ler todos os seus textos, mas li três, hihi. Tu escreves muito bem, parabéns! Também escrevo de vez em quando, mas eu tenho uma super vergonha de postar no blog, tenho vergonha até de postar fotos minhas! haha.
    É claro que já estou seguindo, vou acompanhar teu blog, com certeza.

    Beijos e sucesso! Mih
    http://bilhetinhosdamih.blogspot.com

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    1. Meus textos são simples, mas são o que eu sinto. E eu não tenho vergonha de postá-los pois são meus pensamentos e meus sentimentos... São importantes pra mim e textos devem ser lidos por outras pessoas além de somente você. Mesmo não sendo tão bons assim (pois os meus não são, eu sei). Eu tenho orgulho deles.. Deveria postar os seus. Eu com certeza ficaria feliz em lê-los!
      Muito obrigado Mih. ♥ Beijos e sucesso no seu blog também!

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  2. sucesso com esse blog lindo :) beijão
    http://jadezesseis.blogspot.com.br/

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    1. Muito obrigado :))
      Tentei te segui no blog mas não consegui :[[
      beijooos

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